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As causas são egoísmos coletivos: para pensar os fascismos de grupo

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A loucura é muito rara em indivíduos — nos grupos, nos partidos, nos povos, na época — essa a regra. Nietzsche O único e sua propriedade de Max Stirner , é interessante para refletir sobre esses egoísmos das causas coletivas e universalistas, colocar em questão essas posturas políticas que se pretendem benfazejas e desinteressadas, o valor dessa representatividade das maiorias, etc, interessante até mesmo para pensar como o fascismo predomina por meio de grupos identitários. Me faz lembrar também a questão da "servidão voluntária"  em La Boétie  ou em Espinoza e o "espírito de rebanho"  de Nietzsche , de quem Max Stirner (um "hegeliano de esquerda") foi precursor, segue o trecho explosivo que abre sua obra: - A  minha causa é a causa de nada Há tanta coisa a querer ser a minha causa! A começar pela boa causa, depois a  causa de Deus, a causa da humanidade, da verdade, da liberdade, do humanitarismo, da justiça; para além disso,

Sobre falsos profetas e vampiros de almas: um fluxo de consciência e suas polaridades

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Por André Vinícius, experimento literário escrito em 26/05/2014 O fluxo de consciência produz o mundo? O que somos no meio desse fluxo? Toda cerimônia acaba com o tempo convertendo-se em um grande mercado, e ali, jovens outrora obstinados, convertem-se sob bajulação em falsos profetas: - És uma lenda viva! Olha só quem veio... – me dizem alguns jovens, e um velho conhecido da praça com uma curiosa tiara de sacerdote me diz: - Um brinde aos falsos profetas... somos nós os falsos profetas! – e então partilha comigo de um sacramento que trazia guardado dentro de uma edição de bolso do Zaratustra. Já vivi muito tempo no limbo e é natural que hoje queira ser senhor absoluto de meus próprios movimentos. Mas há aqueles que continuaram a se esgueirar nas sombras, que não desenvolveram personalidade própria e condenaram-se a ser vampiros de almas: querem controlar o corpo do outro para que seja seu cúmplice e seu confidente e quanta miséria despejam! Fazem de tudo o que os ce

Sobre se posicionar: para descarregar minha má-consciência suscitada pelos outros contra esses outros

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É comum se exigir de um estudante de filosofia que “se posicione”, mas aquele que o pede tem uma intenção clara, que é um apelo a seu próprio “bom senso” como se fosse “o melhor para todos”, mas não engana, são seus próprios interesses que falam e esse posicionamento esperado almeja que o tal “filósofo” se dirija as massas usando de sua suposta “inteligência superior” para com certa retórica angariar seguidores, arrebanhar decisões, não para dizer o que pensa, mas dizer o que querem ouvir, reproduzir opiniões, aquele que lhe exige um posicionamento quer antes de tudo destilar uma má-consciência para poder cobrar um engajamento. Eis meu posicionamento: o desprezo! Esses joguetes políticos, essa hipostasia de marionetes, essa vulgata das identificações, essa reatividade do “menos ruim”, essa redução da política ao voto... espetáculo grosseiro. Sou daqueles que se recusam a ser útil e prefere causar vergonha e embaraço aos que se engodam com essas paixões pelo poder! Paixões tr

A Instauração dos Mitos

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O inimigo de todos os tempos é a coesão do mito e são muitas as suas máscaras. O chamemos de ideologia, de religião, de pátria, não importa, trata-se da fabulação de ícones que assegurem a permanência mítica do estado e de suas instituições. E porque sua permanência? Porque o corpo coletivo, as massas, em dados momentos irrompem como caos. É como o caos das cosmogonias, é preciso que um agente externo imponha limites a desmesura: eis o ícone, o monumento!  Então os mitos se encadeiam e mesmo quando o caos irrompe, tenta-se fazer emergir de seu seio esses ícones. Não é difícil, cada visão distinta de um mesmo acontecimento já traz em si coletividades idealistas, como a pátria, sua bandeira, seu hino, uma geração, uma História, etc. Resta aos agentes da ordem condenarem aqueles que “depredam o patrimônio”, ou seja, aqueles que já não reconhecem os mitos, que não os obedece. A estratégia mais simples é tornar grande parte da massa civil em militar, então a massa apoderada pelo mit

Nas Ruínas dos Projetos Humanistas

http://www.youtube.com/watch?v=ogHCTkBzcQc

Dia 1º após a morte de deus, deserto orientado pelas estrelas, penumbra, noite. Carta aos pós-humanos.

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Pelo lado do juízo, conheci céu e inferno e quis me despir desse peso de carregar o mundo nas costas, logo vi-me rodeado de anjos e demônios. Só quem conhece o justo e o injusto é o juízo, a vida nunca entendeu disso, ou antes isso nunca entendeu a vida! Uma porção de piedade pode servir apenas de um efêmero consolo, da crueldade não conhecemos os limites, do mal só conhecemos a fuga. O corpo jogado na lama primordial, onde emergiu CAOS e dele se foi emergido, ou arrebatado, você não acha o começo pois sempre tem de começar! É preciso usar o tato, os olhos, narizes, bocas, pênis, vaginas e ânus, sobre os quais assentaram-se os juízes carrancudos! Eu não tenho muito dinheiro, não tenho muitos amigos, gosto de algumas pessoas. Um pouco de tédio, uma inquietação. Poderia roubar, mas não queria matar! Pelo lado da vida, eu desejei estar com você, mesmo com pouco dinheiro ou nada para fazer... por que a gente não inventa? Mas também gosto de ficar sozinho, não por tanto tempo, o que é